POEMAS

Mia Couto

TINHA TANTO...

Tinha tanto medo de solidão
que nem espantava as moscas



NÃO O TRAPEZISTA...

Não o trapezista
mas o circo inteiro
se desequilibrava
Como um rio,
no frio, se arrepia


SÓ A LAVA...

Só a lava
lava o vulcão
O uivo
é o cão
chorando a ausência de um cão.

Mia Couto (1955- ) é o nome literário de um dos escritores moçambicanos mais conhecidos no estrangeiro. António Emílio Leite Couto ganhou o nome Mia do irmãozinho que não conseguia dizer "Emílio". Segundo o próprio autor a utilização deste apelido tem a ver com sua apaixão pelos gatos e desde pequeno dizia a sua família que queria ser um deles.

Nasceu na Beira, a segunda cidade de Moçambique, em 1955. Ele disse uma vez que não tinha uma "terra-mãe" - tinha uma "água-mãe", referindo-se à tendência daquela cidade baixa e localizada à beira do Oceano Índico para ficar inundada...

Iniciou o curso de Medicina ao mesmo tempo que se iniciava no jornalismo e abandonou aquele curso para se dedicar a tempo inteiro à segunda ocupação. Foi director da Agência de Informação de Moçambique e mais tarde tirou o curso de Biologia, profissão que exerce até agora.

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.