A REVOLTA DAS ABÓBORAS MALDITAS

Celeste Aída de Assis Foureaux

Ao fazer meu carnaval,
No meu canto predileto.
Não notei o arsenal
Que me urdia o desafeto.
Varri, limpei meu quintal
Cantando e brincando com os cães
E quando cheguei no final,
Resolvi, sem notar a trama
Que me deixaria mal,
Puxar uma imensa rama
Que deixara a esperar,
Segurando dez abóboras,
Que secariam para ocar
E enfeitar para o Natal.
E qual não foi a surpresa
Quando olhei pra ameixeira
E depois pra laranjeira!
Agarradas lá no alto
As abóboras tinham olhos,
Uma boquinha feiosa
E dois bracinhos com luvas!
Eu pulei pra trás num salto
E com o coração na boca,
Puxei os cordões ressecados
E todas vieram a mim
Para um ataque mortal.
Foi pancada sem ter fim...
Nas pernas, nas costas, no frontal
E até lambada num osso
Que chamam de occipital.
Fui me encolhendo e pensando:
“Quem vai me ouvir se eu chamar
pra me levar pro hospital”?
Quando acordei, me dei conta
Que estavam todas no chão...
Sem cara, sem luvas, sem nada...
Será minha imaginação?
Fui levantando meio tonta
E as coloquei pra secar.
“Se contar, ninguém acredita”
Fiquei revoltada a pensar.
Mas foi tal minha desdita,
Que se é vero, vou contar.
Dolorida estou por demais...
Mas isso não é novidade
Pois caio sempre e machuco
“desde outros carnavais”...
Como provar, eis a questão!
Ninguém acreditará jamais...
Quem vai crer no pobre cão...
Testemunha que só late?
E então deixo ficar
O latido pelo não latido
E vou noutra história pensar.


Maga l4/08/00

Fonte da ilustração: http://www.search.com

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.