QUEIMAR PAPÉIS

Euna Britto de Oliveira

Queimar papéis
E não se encher de lágrimas
Aquelas mesmas da fumaça acre
Que encobrem as lágrimas da alma
Queimar papéis
Sem se lembrar de tudo
Quanto foi escrito em nossa vida
E chorar...
Copiosamente chorar
Lágrimas de fogo... chorar
Queimar papéis
E não queimar a alma
Para também não queimar as marcas
De pecado ou de pureza
Que nela a vida deixou
Essa mesma alma branca,
Translúcida, acetinada e calma...
Que num instante pode se inflamar
E enegrecida, ferir a todo mundo.
Queimar papéis
E não queimar a vida
E não sentir calor
E se encantar com o fogo
E pisotear as cinzas
Que não ferem os pés nem a alma
Porque serão eternamente cinzas...


Celeste
setembro/99

Envie este Poema

De: Nome: E-mail:
Para: Nome: E-mail:
Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.