ABSURDOS DA SAUDADE

Celeste Aída de Assis Foureaux

Saudade
Coisa tão triste!
Traz lembranças, solidão,
Achamos tudo perdido...
Mas traz também alegrias.
Quantas coisas engraçadas,
Se passaram noutros dias!
Lembro-me perfeitamente,
No centro do nosso bairro
Surge um cavalo assustado
E todos fogem em desabalo
Só ficando em sua frente,
Minha mãe, que apesar de valente
Não conseguia sair da rota
E o bicho vem que trota
Até que ela entrou correndo
E a Deus agradecendo!
Não foi a primeira vez;
Houve um dia em que ela correu
Por cima de toda a horta
A procurar por uma porta
Onde pudesse se esconder
Pois atrás dela a atacar
Vinha o Miguelão, galo de briga,
Que deu muito que falar!
Noutro dia, eu a brincar,
E vem meu padrinho “feliz”
Com um gavião horroroso
Que acabara de ganhar.
Ela saiu novamente
Correndo desesperada
E o gavião se assanhou;
Ela pulou os canteiros
E acabou por se trancar
Com o bicho maluco no banheiro.
Foi um “Deus nos acuda”
Até que a resgatamos
E o bicho... deportamos.
E assim é a saudade...
Ela não tem muito tino
Trabalha com muita maldade,
Lembra coisas de menino,
Mas mata em qualquer idade!


Celeste
junho/98

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.