Pergaminho

Euna Britto de Oliveira

Teus carinhos são letras sobre meu pergaminho...
Tudo ficou gravado!
Hoje, ninguém mais me belisca!

Em cima do mundo há um obelisco
de granito maciço,
que me levaste pra ver,
com inscrições indecifráveis,
escrito em egípcio,
com aqueles caracteres que são aves,
traves, ninhos... hieróglifos.
Rodeado de turistas,
fica no hipódromo de Istambul.
Presente de um faraó para um sultão,
na Turquia...

Não conseguiram transportá-lo inteiro, do Egito até a Turquia.
Trouxeram só uma parte, que já é enorme!
Assim como aqueles hieróglifos,
ninguém vai conseguir me entender!
Pessoa alguma vai saber me ler!
Éramos um bloco de granito,
e agora fiquei só uma parte.
Para que país foste transportado?...

Nossa cama larga,
em que a gente se estendia e se entendia,
vazia.
Não mais apagada,
a luz acesa clareia a vida a que eu era acostumada...
Mesmo ambiente para novos hábitos,
durmo ao lado de livros,
de folhas brancas e escritas,
de canetas bic,
de controles de televisão,
de agendas de endereços,
de bolsa com a chave e os documentos do carro,
telefone celular,
legendas,
lendas,
calendário de 2002, que será o Ano Novo...
E convites que restaram da Missa de sétimo dia...
Aberta, a Bíblia.

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.