RUA

Nívea Gonçalves Niza

Falam tão mal da rua!
Minha mãe também fala...
Mas deixa a única filha quase nua...
Minha mãe bebe, bebe reais e vintém
e vai beber com o namorado que tem.
Ficam três irmãos, e Regeane também,
sem pai, sem mãe.
Triste, pobre casa...
que é melhor não tê-la... isto arrasa!
Vou pra rua sim!
Ali todos gostam de mim...
Falam bem do meu sorriso
(parece falta de juízo...)
Mas, eu e Luizinho
pegamos o morro de Sant’Ana,
onde todo dia, toda semana
se reúne um povaréu,
na Lanchonete da Ivana:
Parece céu!
Céu de pão, pastel, coca-cola...
O povo me dá de tudo.
Não é esmola não...
É que a rua tem coração!
Deu até tinta pra meu cabelo
ficar louro, parecendo Branco.
Por isto, sou franco.
A rua é boa! Gosto dela!
Corro da escola que me chama sujo...
Me amola!...
Mas agradeço seu lambujo!

Envie este Poema

De: Nome: E-mail:
Para: Nome: E-mail:
Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.