Presságios

Euna Britto de Oliveira

25/12/2000

Faço um furo no futuro
para acalmar o presente.
Não consigo ver muito,
premonição incipiente,
apenas as coisas óbvias, lógicas, reincidentes,
as que sempre acontecem...

Morre-se como passarinho, docemente,
ou como leão ferido,
com a respiração ofegante, arfante,
agônica...
Sempre fui muito abstrata,
platônica...

Clarões no céu podem ser sinais de chuva, prenúncios, anúncios!...
Mas há quem saiba visualizar presságios,
observando sinais bem mais sutis...
No último jantar da turma de que participaste,
o de dezembro de 2000,
na pose de um grupo de colegas para uma foto,
um deles aparece com a mão levantada, em gesto de adeus!...

E tu, o mais querido e mais importante para nós, teus familiares,
tens uma espada apontada para a tua cabeça!
A espada da decoração do restaurante árabe, ao fundo, na parede...

Ambos partiram!...
Depois do acontecido, de posse da foto, quem fez sua leitura e interpretação foi um outro colega.
Seria vidente?...
O universo inspira, respira, conspira...
Interações...
Fractais, somos suas frações.

Sonhei que um avião da extinta Swissair,
branco com detalhes vermelhos,
colidindo com nossa casa, explodiu!
Dezessete mortos!...
Nossa árvore de Natal tombou, de verdade, hoje na sala!...
Exatamente no dia de Natal!
Que essas coisas não queiram dizer nada!
Que não sejam avisos, pelo menos por enquanto, meu Deus!
Quem sou eu pra Te dizer CHEGA?!...
Mas dizer misericórdia, eu posso,
e peço:
MISERICÓRDIA, SENHOR!...
Há apenas vinte dias que ele partiu...

Belo Horizonte

Envie este Poema

De: Nome: E-mail:
Para: Nome: E-mail:
Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.