AMIGÃO

Celeste Aída de Assis Foureaux

Tive um amigo leal
que morou placidamente
por muitos e muitos anos
no meio do meu quintal.
Nasceu de um caroço redondo
que plantei, ao vir pra cá...
Depressa brotou, cresceu,
e, espreguiçando-se, apontou
para o céu e agradeceu.
Abacateiro querido...
testemunha confiável
de tantas coisas vividas
debaixo de sua copa...
Sua sombra virou palco
de grandiosas brincadeiras
das crianças faladeiras;
de brigas entre pardais,
das reuniões de família
que não verei nunca mais.
Cãezinhos, rolinhas e pombos,
e, pra não faltar nada mesmo...
os meus homéricos tombos!
Risadas, tristezas, lembranças,
saudade, amizades, solidão.
Tudo se misturou no ar e... pairou
em sua copa frondosa e serena;
e ele com sua nobreza e bondade
guardou no livro da eternidade.
Mas meu quintal mágico e feliz
ficou agora tão triste...
Pela falta do grande amigo,
sólido pilar da nossa história,
que travou com a impertinência
longa e triste luta inglória.

Barbacena, 31/01/2000.
Email:
celestemag@yahoo.com.br

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.