29º Dia

Euna Britto de Oliveira

03/01/2002

De carne e osso, vivas,
algumas de minhas lembranças:
O som da tua voz, o tom do teu “muito obrigado”
ao telefone do hospital para Irmã Virgília, meu marido...

Que saudades de tuas mãos quentes nas minhas, frias...
De teus gestos firmes, de teu olhar penetrante,
que me lia toda,
e mesmo assim, após toda leitura, ainda me querias...

Esta separação não será para sempre,
porque a experiência da morte
chegará para mim também, um dia!
E eu terei olhos para ver-te no paraíso de Deus...
E alma para amar-te sempre!...
Se aqui a morte é compulsória,
a vida é o nascimento obrigatório para o Além...

Que maneira súbita de continuar existindo!...
Que maneira contínua de existir, persistindo...
Há músicas que espremem e exprimem a alma da gente,
como essas que escuto agora,
do “Cirque du Soleil”...

Abre-se um século, fecha-se um ciclo.
Meu marido ido...
Querido!

Belo Horizonte

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.