Interesses esgotam-se...

Euna Britto de Oliveira

Quando pequena,
eu gostava de desenhar tulipas,
só que de hastes tortas.
Era a flor mais fácil,
que eu não sabia o nome,
nem onde, nem quando...
Mas enfeitava tanto!
Mais tarde, eu soube:
Holanda.
Alguém viu tulipas
e contou para os debuxos
dos bordados de minha mãe,
que eu explorava,
escolhia e copiava,
até dizer chega!...
Não para bordar.
Pelo simples gosto de gostar!
Os desenhos me encantavam!...

Com uma quarta parte de século,
recém-casada,
tive tulipas em um jarro,
sobre a mesa,
pela primeira vez!
Eretas,
lindas,
finíssimas!!!...
Vermelhas.
Como vermelho era o calor
da vida a dois,
naquele momento.

Flor de frio,
a flor que eu gosto
apenas se entreabre...

Mas dizem que vitória-régia
tem exageros de boniteza!...
É cabeça de João Batista na bandeja,
depois que virou dádiva, ou troféu,
nas mãos de Salomé...

Sem compromisso,
desenhei tantos moinhos,
cubos,
peixes entrelaçados,
cestos com laços de fita,
barcos...
Desenhar era a aberta questão de então...

Sei desenhar, mas não gosto mais.
Tocava piano, mas não o abro mais.
Gostava de costurar, compro tudo pronto.
São tantas as coisas que não quero mais!...
Quero outras!
Interesses perdem-se...
Trocam-se.
Esgotam-se...
Na sucessão de aprendizagens...

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.