PAIXÃO

Aldo Brandão

Do caos fecundo
vento difuso sou
Das profundezas
(meu ventre de incertezas)
gerei você.
Talvez por ser
palavra
já separada
do cordão do umbigo
digo
seu nome
paixão que me consome Eli:
palavra feminina
palavra forte em mim!

Num poste abandonado,
meu verbo acorrentado
sou.
Sou chaga sou
Eli
sou inocente
de meu desejo ardente.

Do chão erguido,
por sobre o trigo,
desses trigais
com que recobrem a terra
Eli, sou luz
aprisionada ao cerne da caverna.
Pão sem fermento
não partilhado.
Vinho sangrento, Eli,
culpado estou
por ser quem sou
Eli!

Fui condenado
a ver ressuscitado
meu sofrimento
na voz do vento
a me dizer
Eli.

Envie este Poema

De: Nome: E-mail:
Para: Nome: E-mail:
Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.