Raspa

Euna Britto de Oliveira

Olhei os quatro cantos da casa
e não te vi mais...
Indecifrável,
fugiste para outras presenças.

Olhei os quatro cantos do mundo...
Ninguém!
Ninguém que me entendesse
ou me explicasse
o inaceitável,
o inarredável acaso...

A Rússia seria mais feliz
se uma das crianças de sua última Rainha
não fosse hemofílica?...
Teria sido menor a influência
daquele monge?...
Onde eu moro é tão longe!...

Faço de conta que nem sou eu mesma
quando ele é ele.
Faço de conta que ele não é ele
quando eu sou eu mesma.
Dolorosa abstração,
mecanismo puro.
Também, até soldado camufla,
até camaleão...
Guerra é guerra,
necessário é sobreviver.
Às vezes, até me pergunto se é?!...
A voz de todas as paciências me responde:
— "É!"

Hoje é março,
talvez novembro me salve outra vez!
Como é livre o sonho!...
Eu sou uma peça só,
uma pessoa,
que se aperfeiçoa...

12/03/1990.

Envie este Poema

De: Nome: E-mail:
Para: Nome: E-mail:
Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.