Contingência

Euna Britto de Oliveira

Hoje, eu sou uma boneca de pano,
sem vontade,
sem malícia,
sem maldade,
sem vaidade...
Querendo mais que Gepeto me transforme em gente,
como fez a Pinóquio...

De denúncia em denúncia,
nasce mais uma renúncia.

Meus sentimentos não valem,
meus pensamentos não valem,
meus investimentos,
minhas vestimentas,
minhas preferências,
minhas referências...
Nada mais vale a pena,
deixei de ser grande
para ser pequena.

Independência ou Morte, eis D.Pedro!
Eu não sou de pedra, sou de carne.
Dona Leopoldina descansa em paz,
Domitila descansa em paz,
Dona Amélia descansa em paz...
Eu ainda me canso,
comprometida e partida.
Descalça, corro ao encalço de uma espada
com que deverei lutar, lutar...
Até derramar meu sangue do Grupo A negativo
diante de grupos imperativos...
O ar me pesa como um bloco de pedra,
não estou bem.
Comprarei um carro novo,
logo que sair da casca desse ovo.
Um carro novo e outra vez vermelho!

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.