Entrelinhas

Euna Britto de Oliveira

Juro que não vi
Quando se encheu de estrelas o meu peito.
São minhas mil esperanças.
Elas cintilam como vaga-lumes
Numa noite tomada emprestada da infância.

Quando vem a dúvida
E tudo parece sombrio,
Como a uma alavanca,
O coração puxa a esperança,
Que me arremessa e levanta!
Então, desvenda-se um mundo bom,
Fundado na memória,
Com um milhão de amigos,
Muito sol,
De vez em quando, chuva!...
Festa em torno de fogueira,
Uma morena fagueira,
Alegre,
Bonita,
Atraente,
Lena – que distribui sorrisos
Enquanto serve a bebida...

Dança flamenca,
Ou música árabe
Para a dança de todos os ventres!!!...
Mulheres muito jovens e grávidas,
Mulheres meio velhas, impávidas!...

Na festa de cores e sementes,
Sou feita de impulsos e repentes.

Se me traduzisse em carro,
Diria que dou solavancos.
Minhas partidas são lentas...
Sou mansa,
Não-violenta.
Minhas paradas são bruscas!
E meus percursos são buscas...

Quem sabe, ao registrar sentimentos,
Amacio meus movimentos?...

Os olhos de Deus são o radar,
Os seus critérios são vários
E, muitas vezes, mistérios.
Os anos, feito quilômetros,
Poucos ultrapassam os 80!...

Eu paro no tempo e observo:
O tempo é uma estrada sem fim.
Agora, eu estou nele,
Um dia, ele continuará sem mim...

Reduzo-me à expressão mais simples.
E o muito que eu peço é dizer não!
E o mais que eu posso é dizer sim!...

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Ilustração: Escultura - Museu de St.Petersburg - Rússia
Fonte: Internet

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.