Clima

Chuvisca poesia em mim
Uma poesia miúda, fininha...
Transparências peneiradas sobre
Árvores que serão postes,
Terra que se moldará em potes,
Corações de déspotas
E fogueiras que se acenderam para queimar mulheres
Que foram julgadas bruxas...
Transparências recolhidas por minhas mãos,
Que tentam retirar imagens do invisível,
Assim como o mágico tira coelhos do impossível!...

Na casa em que não moro, namoram...
Agrada-me a flor do maracujá, roxa de história da Paixão!
“Fleur de Passion”...
A fresca brisa da noite perfuma o pátio
Com o cheiro de dama-da-noite...
É linda a flor do mandacaru
Assim pousada em seus longos braços espinhentos!...
Lembra uma vitória–régia, só que em miniatura.
Apreensiva, quase meia-noite,
A rua deserta,
Espero por meu filho
Em sua volta da aula.
A lua está linda e me ilumina uma mensagem...
Nunca havia visto antes essa beleza noturna:
Seis flores muito abertas no mandacaru do jardim,
Com a força de um oráculo!
Tanto quanto essas flores,
Onde quer que estejam,
Os meus filhos estão bem!
Amém!