Impermanência

Euna Britto de Oliveira

Tudo o que aprendemos
É para esquecer um dia.
Tudo o que adquirimos
É para deixar aí.
É voz corrente que
Ninguém leva nada daqui.
Mas, se pudesse, levaria tudo e mais alguma coisa!...
Tanto o céu quanto o inferno ficariam abarrotados de tralhas…
Livros, fotos, títulos, diplomas
Roupas, joias, bijuterias
Motos, carros, aviões
Casas, choupanas, palácios
Castelos, criados, escravos
Pontes, muros, muralhas
Materiais de construção
Pilhas e pilhas de moedas de cobre, de ouro, de prata, de lata
Malas de dinheiro de papel
Aparelhos eletrônicos
Objetos personalizados com o nome gravado a canivete, a ferro e fogo, a lêiser
Móveis, tapetes persas
Peças de decoração
Souvenirs de todas as viagens...
Mas não pode levar nada!
Não há guarda-volumes no além.
Almas, alminhas, almonas
E seus relógios parados
Enferrujados, enguiçados
E seus corpos dispensados...
Na paz dos cemitérios e na serenidade e experiência dos coveiros
Que entre um serviço e outro
Trocam uma prosa
Um olhar perdido sobre a sempre-viva
Que não está nem aí para o que vem depois dela
Só quer saber que está viva
E é bela!
Euna Britto de Oliveira
BH, 28/09/2017

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.