Solidão solidária

Euna Britto de Oliveira

Minha solidão é muito engraçada,
parece cão adestrado.
Se eu mandar sair, ela sai!...
Às vezes, senta-se a meu lado,
não me incomoda, não estranha,
já sabe que sou povoada de sonhos...
Neste carnaval,
até comprei uma fantasia de pirata para ela.
Andamos pirateando o melhor da realidade...
Estalo no ar o chicote de espancar tristezas,
ela compreende e se auto-repreende.
Sou comprometida com o mar
e com um jeito novo de amar.
Não conheço parto sem dor,
todos os meus partos doeram intensamente.
Conheço o perto e o longe,
o escravo e o monge,
o aperto dos sem-dinheiro,
a situação confortável,
os três estados civis,
aquilo que é viuvez,
a dor da minha vez...
Não sigo a lei indiana,
toda barata que cruzar o meu caminho,
eu mato!
Alguém viu minha poesia e me achou inteligente.
Ajeito as coisas, mas nem tanto!
Os meus recursos são parcos,
minha competência é pequena.
Faço mau juízo com facilidade,
uso bem o juízo com felicidade!
Registro umas coisinhas de Deus
e isso me alegra muito.
Estou só,
mas Deus já sabe!

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.