Consolações

Euna Britto de Oliveira

Alegres palhaços viravam cambalhotas
no palco daquele dia
que decididamente não seria o último
dos meus dias.
Bocas enormes e brancas,
lábios aumentados,
sombras nos olhos,
sobras de sobrancelhas,
os palhaços jogavam estilhaços de risos
por toda parte...
O mormaço do meu coração acolhia
a luz gratuita desses personagens
e a vida se reacendia...
Palhaços sempre consolam
e consolidam a alegria,
mesmo os das caixinhas de música,
mesmo os palhaços bordados em ponto de cruz
nas toalhas infantis...

Suave aragem é esse sopro de poesia,
quando estou na maior agonia!...

Torço muito para que certos corações de pedra
virem corações certos, de carne, inclusive o meu!
Estou cansada de ver um ex-jovem comer torresmo
acompanhado de cerveja...
Melhor seria se degustasse cerejas
acompanhadas de sim...
Vou lixando as unhas das mãos,
preparando-as para o esmalte escarlate;
vou limando as grades da prisão,
para ganhar a liberdade...
O jeito certo é esse mesmo:
Repetitivo, igual, cansativo,
necessário e pactual.
Tudo tem sua hora...

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.