Passatempo

Eu gosto desse gosto de desgosto
dos casos que as casas antigas contam...
De parelha com elas,
nas calçadas de pedras,
a repercussão de passos apressados ou lentos...
Escorregões de crianças,
a água de chuvas passadas
pingando
e registrando
a insistência
do tempo
em marcar
compassos,
com passos...
Demarcar
passadas lembranças
e delimitar
debilitadas andanças,
com poças
que espelham
o céu de sempre
e a novidade
que é a vida...

Debaixo do céu,
os sapatos molhados,
as barras das calças desfiadas,
o carro que surge e espirra água nos passantes,
o caminho da escola,
a cola de sapateiro que os pivetes cheiram...
As galhas de buganvílias sobre os muros,
as televisões retransmitindo jogos de futebol,
a exposição chinesa de esculturas de gelo,
a vida de Jacqueline Bouvier Kennedy Onassis,
o Hino Nacional, que ninguém mais sabe de cor por inteiro,
o vôo mais curto de um Concord...

Acorda, dorminhoca!
Aterrissa!
Vai arrumar as malas
e comprar presentes para os ausentes.
Está chegando o dia de voltar para Belo Horizonte!
“Deo Gratias !...”