Arrastão

Euna Britto de Oliveira

Atrás da porta,
dentro de mim,
assisto ao arrastão dos peixes
pelos pescadores...
Ao arrastão dos erros
pelos pecadores...
Ao arrastão de idéias
pelos escritores...

Come-se bem em Belém.
Belém do Pará, no Brasil.
Nunca fui lá,
mas sei que comem.
Dizem...
Deduzo.

Induz-me ao erro a educação por conveniência,
interesseira,
interessada!...

Conjunto azul claro,
vistosa, talvez bonita,
visito a igreja de Santa Ermelinda.
Só um registro da celebração do que não houve...

O futuro consola muita gente.
É nele que mora a Esperança.
Quanto mais demorada,
mais se adentra pelo futuro...
A Esperança não é meu forte!
A Fé, sim!
Festejo a Fé deitada, de joelhos, de pé,
em qualquer lugar,
em qualquer posição!...
Porque a Fé dá acesso!
A Esperança é um processo abençoado de se anestesiar,
até chegar a hora do que vem, do que não vem,
de quem tem, de quem não tem,
do que haverá, do que não haverá!...

E a Caridade?
A Caridade é o que sobra
e ao mesmo tempo falta
em qualquer cidade,
em qualquer idade,
conforme a casa,
conforme o caso.

A Liberdade é o que tenho hoje, aqui, agora!
Mas não adianta muito.
Não tiro o devido proveito dela.
Esclarecida,
não esmorecida,
comunicante,
comunicativa,
sem interlocutor,
comunico-me assim mesmo
com os distantes e os ausentes,
na falta de presenças...

Em espaço primorosamente bem cuidado,
bem inventada paisagem,
numa mata, dois cavalos bebem água no rio
que Ana Maria Torres pintou!
Olho esse quadro
e lembro de Ana Maria.
Como em um arrastão de corações,
recordações de cenas do Colégio...
Por cima da paisagem,
por cima de mim,
por cima de todos,
por cima de tudo,
um raio de sol!

Para Ana Maria Torres, ex-colega e grande amiga!...

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.