Silêncio

Euna Britto de Oliveira

Sobre esse silêncio cairia bem
uma cesta básica de palavras...
Palavras básicas, elementares,
que qualquer filho de homem e mulher sabe falar.
Palavras que não descessem pelo ralo do banheiro
quando, do outro lado da porta,
eu respondesse a alguma pergunta que me fizessem
sobre as coisas de que sempre falo...
Palavras permitidas ao telefone,
que chia devido à distância mal coberta pela operadora
e à própria engrenagem mal entendida do coração entediado...
Palavras escritas na água, na areia,
na folha da amendoeira,
no cimento fresco da alma,
no papel que vira carta,
com o sangue que sai da veia...
Palavras guardadas debaixo de sete chaves,
viajadas, protegidas de sete chuvas,
refletidas sob sete luas
nuas, cruas, suas...

Sobre esse silêncio cairia bem meu nome
pronunciado com todas as letras
por alguém que me chamasse
com o tom da voz do meu pai,
para me dar uma boa notícia:
— “Aquele com quem gostas de conversar vai chegar!”

Pura imaginação!...
Meu quinhão é de silêncios.
Quando me banho, deixo-os afogar no mar...
No mar que não tem ralo,
com o qual não falo,
e enfrento, para continuar...

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Hoje, dia 23/01/2006, uns cinco anos depois de feito esse poema,
deu-me vontade de conversar com foi você, uai!
Com você, da barraca de bijuterias, na Feirinha, lá em Fortaleza, de onde acabo de chegar, encantada com esse pedaço do Brasil e com a educação do povo dessa terra da Luz!...
Você, que me atendeu tão bem, mostrando-me colares, brincos, pulseiras de coco
pelos quais me interessei e até comprei...
Você, vizinha do mar, que me concedeu de graça o dom da sua Amizade!
Uma pequena e sincera homenagem.

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.