O Cruzeiro

Euna Britto de Oliveira

Eu, menina que já fui...
Minha avó materna mandou erguer um Cruzeiro
No alto da serra em frente à sede da fazenda
Nunca fui lá em cima, não
Era longe para minhas pernas de criança
O acesso era difícil
Até certo ponto, subi, sim, com tia Nice, a tia com alma gêmea da minha!...
Havia goiabeiras pelo caminho
E ninhos com ovos azuis manchadinhos de branco, de anum
Havia cobras venenosas na região:
Cascavéis, jararacas e outras mais!...
Mata é assim: onde há mato, há cobras, e muitas matam!....
Elas podiam estar escondidas em qualquer lugar, no capim!...
Havia um caminhozinho...
Aos pés do Cruzeiro,
As pessoas depositavam pedras que carregavam
Para simbolizar seus fardos!...
Quantas pedras devia haver aos pés daquele cruzeiro!...
Pedras para chover!
Pedras para parar de chover!...
Pedras para viver melhor!
Pedras para não morrer!....
Pedras, pedras, pedras....

Aquele Cruzeiro ainda existe, gente?
Resiste a fé dos que já se foram?...
Não sei
Mudei de lar!...

Belo Horizonte, 28/05/2016

Envie este Poema

De: Nome: E-mail:
Para: Nome: E-mail:
Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.