Toque

Euna Britto de Oliveira

Era tanto ouro era tanta prata
Era tanta gente
Era tanta festa
E o Evangelho sempre lá
Nas capelas dos castelos
E oratórios dos palácios

Era tanto pobre
Era tanto rico
Eram tantas casas
Tantas mansões
Eram tantas ruas
Tanta felicidade
Tanta infelicidade
Tantas mortes precoces
Tantas doenças sem jeito
Tantas atrocidades
E o Evangelho sempre lá
Nas igrejas das cidades

Eram tantos homens
Eram tantas mulheres
Tantas relações de amor
E tantas de desamor
E o Evangelho sempre lá
No recôndito dos lares

Eram tantos reis
Eram tantas rainhas
Princesas príncipes
Uma minoria de nobreza
Para uma maioria de pobreza
Era tanta fofoca
Era tanta intriga
Reis envenenados
Príncipes assassinados
Para a tomada do poder
E o Evangelho sempre lá
Mas ninguém queria saber

Hoje tantas visitas a locais de ontem
De fragorosas derrotas
De glória poder e vitória
Histórias amarrotadas
Na pele de tantas muralhas
Crianças de nunca mais
Recreios com seus animais
Museus que existirão por uns tempos
Nem mesmo a Terra é pra sempre
Tudo mudou
Tudo muda
Tudo mudará
Tudo já está mudando
Tudo já está mudado
E o Evangelho sempre lá
Ou em qualquer lugar
Imutável

Mundano o homem se engana
O que ficou e ficará é o amor que se tem pra dar
Mudas estátuas nas praças falam através do silêncio
Nas catacumbas de Paris
Ossos de cemitérios artisticamente dispostos
Tanto fêmur
E não se vê um quebrado
Por onde terão andado
Tanto crânio
O que será que pensaram
E o Evangelho sempre lá
Confirmando o que será

Não eu não sou uma recordada
Sou apenas alguém que visitou o Velho Mundo
E se deixou tocar
Por ver há quanto tempo
O Evangelho está lá
E sua influência no ar

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Belo Horizonte, 04/06/2014

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.