Sobrevida

Euna Britto de Oliveira

As cortinas finas do quarto começaram a se agitar
Como saias de damas da corte em noite de gala!...
Ao toque do vento e ao sabor do momento,
Dançaram tanto, que me cansei de olhá-las.
Experiências na pele...
A alma nunca repele o que fez o corpo vibrar!...

Luz da manhã sobre a cidade!
Natural, desfila pelo quarto,
De um lado para outro,
A mulher de belas formas
Que o homem observa na íntegra
E em suas perfeições.
Faz tempo que não leio Adélia Prado.
Seja rico ou seja pobre,
Ao final, todo mundo vira pó... – Igual Jó!

Minha língua coça,
Coço minha língua nos dentes!...
Nosso cão é labrador,
De companhia e de guarda, beige, bom e fiel.
Usa coleira Scalibur,
Toma comprimidos de Alopurinol
E continua latindo e vivendo,
Em sua sobrevida proibida.
Mais, não posso dizer.
Moramos na cidade,
Do cão, teríamos saudade...

Calafrio é quando o frio não cala,
E faz tremer sem escala.
Não conheço instrumento
Pra medir intensidade de temor, nem de tremor...

Muitas vezes, é a pulso que a vida pulsa!...

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.