Receptividade

Poemas alinhados no horizonte da paisagem
Já estão prontos.
Um ao lado do outro,
Como soldados perfilados para a revista da tropa,
Lá estão eles!!!...
Pobres poemas, pássaros sem pernas,
Revestidos de penas,
Com suas asas eternas,
Esperando a ordem de largada...
Voarão, sim!
Mas não andarão a pé, atrás de homem ou mulher.
Eles se destinam às almas que se disponham a recebê-los,
E independem de sexo.
Almas sensíveis e destemidas,
Paralelas, verticais, horizontais, inclinadas,
Dos comedores de pão e bebedores de vinho...

Faço o possível para não ser vista por eles,
Mas eles me acham.
Estico-me como borracha,
Mas eles me amolecem...
Seco-me como um riacho seco,
Mas eles me molham...
Escondo-me.
Mas eles me olham.
Prendo a respiração,
E não encontro a razão para tanta opressão no peito!
Quando se nasce pra poema, não tem jeito!