Como há de ser?...

Euna Britto de Oliveira

Desapareceu a mãozinha da boneca,
Coisinha mínima,
Mas me faz falta, mais que à boneca.
Com essa mão que se movia, ela me fazia imaginar danças flamencas
E toques de castanholas...
A dançarina espanhola de roupa lilás,
Que ganhei do meu marido no porto de Barcelona,
Faz tempo...
Na volta para o Brasil, de navio, como não se volta mais, a partir de Gênova,
Como não poderemos voltar, nunca mais...
Sem a mãozinha esquerda a partir do punho, como há de ser?

Quando viajo, é assim: – Alguma coisa some.
Quando não viajo, também é assim: – Some alguma coisa...
Sumir faz parte do aqui.
Sumir é não estar aqui, e não se saber onde está...
Quando se sabe onde está,
Quando se pode localizar, não está sumido.
Fotos sumidas...
Pessoas desaparecidas...
Deus sabe de tudo e de todos!
Sabe até das folhas que caem das árvores,
De cada fio de cabelo que cai de cada cabeça!...
Deus se fez onipresente, onipotente e onisciente
Sobretudo pra não se cansar.
Ele nunca se estressa, nunca perde o controle, nunca perde o equilíbrio!
Procurar, cansa.
Esperar, cansa.
Preocupar, cansa.
Repousar em Deus, descansa!
Não vou reclamar do que sou e do que não sou.
Sou o que me foi possível ser, com a graça de Deus.
Nunca serei o impossível.
Restaurável, sim.
Recarregável, sim.
Mas nunca serei incansável...

(BH, 2009)

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.