Esmalte sobre palavras

Euna Britto de Oliveira

Cachaça em xícara esmaltada vermelha,
Casca de sonho ou rosto das coisas provadas,
Resto de leitura inacabada...
Verdes versos pululam sobre a pedra inanimada...
Formigas grandes e pequenas cumprem o seu ofício de carregar e descarregar...
As cargas das formigas são leves, pesadas ou pesadíssimas;
Presentes, passadas ou futuras...
Os segredos de Deus,
Deus não conta.
De suportá-los, quem daria conta?
Assalta-me não o assaltante, mas a poesia.
Rendo-me à sua abordagem.
Bordo com letras de ouro uns nomes que se encostaram ao meu
No pensamento de Deus, desde antes dos dinossauros...
Pincéis de vento limpam o relento da minha alma.
Favorecem-me com emoção estética as fitas das embalagens de presentes,
Mesmas cores do arco-íris, mais prata e dourado.
Temos muito mais sentidos do que conhecemos.
Temos muito mais pra sentir do que o que percebemos.
Sobre um mini-copo de cristal,
Mensagem de amor em francês foi gravada pelo vendedor
Com motorzinho de dentista
Na calçada da rua do medo de ficar só.
Era só uma vice-premoniçãozinha,
Tentativa de furo da memória do futuro
Que não decodifiquei,
Vago aviso do que seria,
Arremedo de taça de mel e fel
Que estava reservada...
O copo não se quebrou,
Nem mesmo trincou!
Seu conteúdo esgotou-se...
Agora, é a xícara de esmalte vermelho.
Segunda rodada...

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.