Lilás e amarelo – anotações de viagem...

Euna Britto de Oliveira

Gratuita como o advérbio aliás,
Lilás é uma cor que eu amo.
Lavorados no universo,
Os versos dos poetas mortos, dos poetas vivos
E dos poetas que ainda existirão
Porque já estão no pensamento de Deus...

Belo Horizonte a Brasília – BR-040,
A voz do vento me pergunta:
— "Querias estrada? toma estrada!"
Larga e longa, a fita de asfalto se estende em direção ao destino.
Monotonia das retas, por mais que se viaje,
Parece que não se sai do lugar.
Mas sai!
Umas nove ou dez horas de viagem, e a gente vai chegar!
Ultrapassar é preciso,
Com o consentimento das faixas cor dos ipês amarelos...
Cerrados, matas de transição,
Trânsito na mão e contramão...
Qualquer dia é dia de viver.
Qualquer hora é hora de morrer.
Em certo ponto da estrada,
Um punhado de cruzes brancas...
Mas onde o meu tio morreu,
E não sei precisar exatamente onde foi,
Num acidente perto de Cristalina,
Logo onde a estrada é tão boa,
Não ficou marca nenhuma.
Ficou uma pena por ele,
Ficou um dó,
Um sentimento lilás por cima da faixa amarela...

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Para Tio Dó - Engenheiro Civil Adroaldo Torres Costa
(In memoriam)

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.