Férias...

Euna Britto de Oliveira

Parada à beira do caminho, cismo...
Observo, reflito, comparo...
Tento evitar armadilhas, divisar saídas, decifrar códigos,
Sair fora de labirintos,
Escolher a melhor direção, nas encruzilhadas...
São gentis, as encruzilhadas – aos passantes, oferecem opções
E permitem escolhas...
Mas geram conflitos.

Em algum lugar do mundo,
Agora mesmo,
Turistas visitam castelos, museus, sítios arqueológicos,
Shopping Centers, hipermercados, cemitérios famosos,
Túmulos desolados...

No Cemitério Père Lachaise, o principal de Paris,
Todo enfeitado de flores por visitantes reverentes, o túmulo de Chopin,
Eternizado pela música...
O de Molière, juntinho ao de La Fontaine, sem flores, mas bem cuidados.
O de Alan Kardec também é ornado de flores, e há sempre um visitante...
São muitas as celebridades sepultadas lá.
Acabei não vendo o túmulo de Maria Kalas...
O de Gilbert Bécaud, sim.
O de Abelardo e Eloísa (do filme Em nome da Rosa), sim!
Não dei conta de ver muitos.
Uma cidade imensa de pedra, cimento,
Lembranças e esquecimento...
Sentada em um banco desse mesmo cemitério,
Uma mulher do povo, tranqüilamente,
Dava lanche à sua criança de “bas âge”...
A vida brota e se alimenta em todos os espaços!...

Na Holanda, um funcionário do moinho de Sloten
Dá explicações em Inglês sobre o funcionamento do moinho.
Metade, compreendo.
A outra metade, faço de conta que entendo.
A vida, às vezes, é isto – Conto de fadas "para inglês ver"!
Ou conto em inglês para quem não sabe ler...

Versalhes – a Galeria dos Espelhos reflete o esplendor de Versalhes!...
Versalhes foi saqueado, ao tempo da Revolução Francesa.
Mas no Castelo de Fontainebleau, os móveis são originais, e estão lá!
Entretanto, os Reis e as Rainhas, os nobres, e Napoleão,
Onde estão?...

Em exposição, num museu de arte contemporânea,
Mais precisamente, no Beaubourg, em Paris,
Pequenininha, esculpida em metal prateado,
A Santa Ceia com televisão!
O artista que a concebeu falava qual língua?...
Para Jesus e os 12 Apóstolos,
A televisão apresentaria qual programa?...

Visão de infinito alcance e de infinitos pixels,
Será que Deus não se cansa desse filme que somos nós?
Sem sombra de dúvida, Deus é incansável.
Viver dói...
Ou não dói!
Morrer dói...
Ou não dói!
Depende.
Varia.
Às vezes, fico cansada de doer...
Um pouco, por causa de testar morrer...
Outro pouco, por causa de experimentar viver!...
Mas se descanso, consigo viver mais, e sem dor!
Existem tréguas e férias a fim de que a vida continue...
Porque nenhum filho de Deus consegue levar a carga do cotidiano
Sem o enfeite das viagens,
Sem a bondade das camaradagens...

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.