As estrelas da varanda...

Euna Britto de Oliveira

No céu que avisto da varanda,
Observo as estrelas...
Algumas me dizem seus nomes.
Para mim, todas elas são fomes:
Fome de se dar a conhecer,
De dar a conhecer seu território sagrado,
Sua estatura, sua estrutura,
Suas probabilidades de serem ou não habitadas,
De passarem por estrelas, mesmo sendo planetas...
Fome de brilho, desejosas de contemplação!...
E minha curiosidade
Habilitada para ser satisfeita
Apenas com cenas da terra...

Minha avó materna tinha uma constelação de afilhados.
Pretinhos, branquinhos, pequenos, grandes...
Eram tantos que chegavam a sua casa na fazenda,
A lhe pedirem a bênção:
— “Bença, madinha!”
Falavam assim mesmo, erradinho,
Do jeito que é a língua na roça.
Era como se ela fosse uma lua
Com atribuições de sol!
Só pra lembrar o grau de atração de minha avó,
O grau da atenção de Deus para com ela!
Lembro-me, em especial, de um de seus afilhados.
Chegava montado a cavalo,
Um cavalo que não era branco.
Roupa branca,
Dentes brancos,
Sempre sorridente,
Sempre portador de boas notícias!...
Tudo era branco em sua pele negra,
Inclusive sua alma!
Eu adorava sua visita
E o bem que sua presença fazia a toda a freguesia...
Minha avó estava sempre muito ali para todos os seus afilhados,
Não os negligenciava,
Mas parece que esse era o afilhado que ela mais esperava!...
Ele trazia alegria!

De vez em quando, dou umas viajadas,
E vou tão longe, no tempo...
Vem, ausência de minha avó,
E me traz de volta para o presente!

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.