Todo coração merece ser são!

Euna Britto de Oliveira

Toca a campainha.
Quando a campainha soa,
Pode ser um amigo, um vendedor,
Alguém que pede ajuda,
O caminhão do gás...
Ou até mesmo um impostor.
Mas desta vez foi o carteiro.
Cães que já o atacaram
Fizeram com que me perguntasse se nosso cão estava preso.
Conforme o caso, conforme a casa,
O cão morde, mesmo, a mão que entrega as cartas...
Até hoje, todos os carteiros que, a serviço, visitaram nossa casa
Falaram de sua experiência com cães
E de sua atual precaução.
Não adiantou assegurar que o cão é labrador, raça gentil,
Que serve até de guia...
É cão, e pronto!
Emite latidos e pode avançar!

Ah, se tudo que ataca se fizesse anunciar!...
As chuvas têm suas maneiras cinzentas
De anunciar sua chegada.
As tempestades são precedidas por raios e trovões.
Os próprios vulcões, só de serem vulcões,
Já constituem uma ameaça de cataclismo.
A Natureza é leal.

Por vezes, nas relações sociais,
Os ataques são tão inesperados,
Tão sem aviso-prévio!...
Surgem nas dobras das palavras
Nunca d´antes desdobradas...
Ah, se tudo que ataca fosse visível...
Mas não é.
Por vezes, os ataques surgem do nada.
Pior ainda – por nada!

Não há o que se possa fazer
Para não ser atacado.
Nunca fui mordida por um cão,
Mas já fui ferida de forma que nenhuma grade pudesse me proteger!
Usaram-se palavras...
E grades não protegem contra palavras.
Mesmo que cheguem de longe,
Mesmo que venham de fonte desconhecida,
Por razões desconhecidas...
Palavras agressivas não ofendem a mão,
Ofendem o coração.

Ele nos deu o exemplo:
"Pai, perdoai-os, porque não sabem o que fazem."
"Amai vossos inimigos, orai pelos que vos perseguem."
A cicatrização exige o exercício do perdão,
E todo coração merece ser são!
Por que não o meu?...
Saúde, irmão!

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.