A fome mais nobre

Euna Britto de Oliveira

Felicidades vazias,
Futilidades vadias...
E o sol saindo, de olho na cidade,
Que se veste de pedra, madeira, cimento e cal...
E se reveste da umidade das madrugadas
Sobre a humildade das paredes carcomidas
E sobre a unidade dos convidados à vida!

Prédios pequenos disputam a claridade com edifícios monumentais.
Num ponto, as cidades são iguais:
Todas festejam a vida
E enterram a morte.
Chova ou faça sol,
Carros escoam pelas ruas, nos dois sentidos.
Levam e trazem necessidades, lazeres, prazeres,
Direitos, deveres,
Fugas, encontros,
Traições, fidelidades,
Prisões, libertações,
Facilidades, dificuldades,
Saudades...
Em pontos estratégicos,
Filhos de Deus disputam a caridade dos passantes,
Numa mendicância que sensibiliza poucos,
Nem sei se a metade da metade de alguns...

Orientadas ou desorientadas pelo vento,
As palmeiras e as árvores comuns se distraem em movimentos ondulantes,
Ora calmos, ora assanhados!...
Discos voadores, se é que existem,
Não conseguem ou não se interessam em abduzir uma agulha, sequer, no meio da cidade!

Vai-se embora a fome, toda vez que se come.
Mas, daí a pouco, volta!
A fome é para a gente se lembrar de viver!
Porque assim o ser humano trabalha, para comprar o que comer.
Trabalha, planta, colhe, compra, vende...
Quantas atividades ligadas à fome!...
A fome é uma exigência de se abastecer a vida!
E são tantas formas de fome!...
A fome de amor, por exemplo,
É a fome mais nobre!
Quem não tem amor no coração é o mais pobre!
O maior perigo na vida
É ficar pobre da riqueza que é o amor!...
Porque, aí, a vida murcha,
Ou vai embora...

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.