Quando...
Euna Britto de Oliveira

Quando todos os sistemas se emperrarem
e as mãos inertes não mais obedecerem,
e as pernas sonsas se negarem a andar,
e os olhos, minhas entradas, desistirem de acordar;
e os sons se esbarrarem ao meu redor,
sem o poder de penetrar;
e a boca, minha medida,
tiver que renunciar...
E os cheiros impercebidos de flores,
velas e vida não mais me encontrarem a vibrar,
e o forno que esquenta minha carne
não quiser mais me amornar...
Quando eu não mais sentir,
nem mais sorrir,
nem mais chorar...
Quando tudo isso acontecer,
é porque chegou realmente o fim.
Todos os Santos do Céu,
esperai-me do lado de lá!
Se ao menos minhas antenas,
posto que são invisíveis,
e ainda por cima pequenas
puderem me acompanhar!...
Como será?...
Sei lá!...
Minha curiosidade se gasta...
Só Deus sabe,
e basta.
Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.