Chuvas viúvas

Euna Britto de Oliveira

Chove em São João del Rei...
Eu, que nem sou de São João Del Rei,
Estou apenas de passagem, para o casamento de Cibele,
Abrigo-me dessa chuva viúva de um grande Estadista.
A chuva de Diamantina também é viúva de outro!...
A de São João Del Rei chora seu morto querido
Atrás da igreja de São Francisco,
Onde ele está sepultado;
E se estende sobre a cidade toda!...
Chuva é sempre chorona!...
Facilito as coisas.
Flexibilizo-me.
Danço conforme a música.
Quando jogam capoeira, páro pra olhar.
Gosto de ver o ritmo, a expressão corporal dos capoeiristas,
E aquela música que produzem com uma moeda
Contra a corda do berimbau...
Despistam-se pistas...
Para tudo, Deus dá o dia.
Há também o dia de descobrir quem apagou as pistas...
Não se consegue enganar a todos o tempo todo,
Mas há quem o tente,
Dissimulando...
Foram os passarinhos que comeram os pedacinhos de pão
Que eram as pistas pra se encontrar o caminho de volta a casa
Na história de Joãozinho e Maria...
Profissionalmente, os espiões e os detetives espiam
O que lhes é encomendado.
Choque térmico,
Choque elétrico,
Choque emocional!...
Quanto futuro nas boas ações!...
Chupam-me o sangue, não vampiros,
Mas uns mosquitos.
Em matéria de bênçãos e felicidades,
Deus é um atacadista
Que as distribui por todos os lugares
E de várias maneiras!...
Ele nunca entra de férias,
Nunca dorme,
Deixa as folgas para o homem.
Às vezes, desejo que Deus me pergunte
Se quero desistir ou continuar...
Eu poderia dar uma resposta precipitada.
Deus nunca erra.
Sem perguntas,
Vai permutando meus medos por coragens,
Minhas dúvidas por prenúncios de vitória!
Vai perdoando minhas dívidas,
Das quais as mais graves são as de amor!...

De mão em mão,
Pede que se distribua o perdão...

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.