MISTÉRIO

Wilma da Conceição Pinheiro

O inacreditável, o inevitável, o insondável,
o mistério caiu sobre nós como um véu,
fazendo-nos levitar:
pés fora do chão,
coração fora do peito,
pensamentos jogados ao vento...

Tornamo-nos espectadores somente,
do nada,
dos espaços vazios,
do silêncio.
Entramos no túnel escuro,
para nós ainda sem claridade no final;
só os chamados verão a luz;
e atraídos por uma mágica
fundir-se-ão no Grande Foco.
Na fala do poeta*, tornam-se seres encantados os que passam pela Luz.

Permanecemos atônitos, estáticos,
crianças perdidas querendo entender:

A cada cair contrapõe-se um levantar,

a cada morrer, um nascer,

a cada entardecer, um alvorecer,

a cada partida, uma chegada.

Pai! Perdoai nossa ignorância,
guiai-nos pelas moradas terrenas,
assim como guiais os Vossos filhos encantados pelas moradas celestiais.

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*Carlos Drumond de Andrade sobre a morte se sua filha Julieta.

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.