O mundo visto de cima...

Gosto de ver o mundo de cima,
Como Dionísio Teles tantas vezes já o viu,
Da cabine de seu avião...

A casa está cheia de vazios.
A casa que já esteve vazia de ausências...
Tantas presenças a enchiam!!!

O mundo visto de cima,
Não se enxerga o interior das casas,
Não se sabe se há habitantes – presumem-se...
E se, em os havendo,
Não se sabe se são louros, loucos, lúcidos,
Pobres, ricos, pardos, amarelos,
Altos ou baixos, gordos ou magros, morenos...

O mundo visto de cima,
Não se ouvem gritos,
Nem ruídos incômodos,
Só o ronco obrigatório
E desejável dos motores!...

A terra, doida pelo mar, pelo oceano,
Correndo para ele com suas pernas de rios...
As montanhas, pirracentas,
Fazendo beicinhos para as planícies...
Os esconderijos dos bichos escondidos dentro da mata,
Eu sabia que não os veria!

Astros obedecem ao pensamento de Deus.
Céus e terra,
O universo obedece ao pensamento de Deus.
O inferno e seus seguidores desobedecem ao pensamento de Deus.

As mãos que obedecem ao pensamento de Deus
Semeiam amor
Fazem justiça
Promovem a paz
Constroem um mundo melhor!

Num futuro remoto,
Por quem serão habitadas essas casas
Habituadas a seus construtores?
Depois deles, para habitá-las ou demoli-las,
Outros virão!...
E não saberão dos tijolos
Nem das pedras
Nem da areia e argila
Que se empregaram em sua construção!
Não saberão dos preços de cada prego
Nem da lentidão com que chegou o dinheiro
Nem da dedicação dos pedreiros...
Isso aí vai ser visto de bem mais alto,
Bem além de lá de cima!...