Um tempo velho

Euna Britto de Oliveira

A paz que vem do silêncio está calada nos sós,
Está colada no sol.
Serei aluna de Esparta para exercitar a arte do segredo?...
Dai-me a chave dourada
Que não destranca nada, mas enfeita!
As chaves pequeninas e enferrujadas,
As chaves dúplices
Para as horas súplices.
Quero destrancar portas para conhecer saídas...
Quero trancar tesouros!
“Quem quer ter tem de zelar.”
Vão me dizer que prender é o melhor modo de perder...
Aprendo tudo.
Aprendo isso também.

Há tempo de correr
E tempo de parar.
A água que me banha...
A água que me benze!
O fogo que me assanha!...
Já tive medo de chamas
Nos altos andares dos edifícios
E era difícil estar em um deles
Quando ouvia a sirene de algum carro de bombeiros...
Enquanto não fui trabalhar num prédio baixo,
Não sosseguei!
Curou-se a fobia.

A calma que me chama
Anda pelas ruas com a mão na mão da criança
E lhe compra sorvete, chicletes e balas de menta;
A calma que me chama costura saias rodadas
Palas de rendas e babados
Com bainhas bem fininhas
Para as meninas felizes...
A calma que me chama circula na cidade
Com a filha caçula, que é minha...
Faz almofadas coloridas de veludo e de cetim
Para semear na sala...
A calma que me chama
Tira-me da agitação
E é só.
O resto é por minha conta.
Eu sei que nada é de graça
Por isto, contraio dívidas
E pago-as.
Já vi que existe mau-olhado.
Mas se o bom-olhado de Deus está em mim,
Qual o que pode mais?!...

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.