Considerações em torno de uma tarde

Euna Britto de Oliveira

O tempo parou.
Deitada numa rede,
leio Mário Quintana
e sinto falta de Manoel de Barros,
que escreve muito a meu gosto!
Lembra-me um menino repetindo as tardes naquele quintal ...
Escuto o seu rio: é uma cobra de água andando por dentro de seu olho...
Diz que poesia é voar fora da asa...

Observo o céu com nuvens esgarçadas,
sem forma alguma, disfarçadas...
O remelexo das galhas mais altas das árvores
recomeça!...
As cigarras perfuram o silêncio
com suas britadeiras guturais.
Há sariemas no pasto,
com suas pernas finas, corredeiras...

“Ave, César!
Os que vão morrer te saúdam!”
Avestruz!
Os que vão correr te copiam!...
Não existe nada de novo sob o sol,
a não ser a promessa contida num ovo.
Rodrigo e Rogério,
gêmeos univitelinos,
ficaram iguaizinhos
depois que um deles perdeu o dente
que fazia a diferença.
Agora, não sei mais quem é quem!
A não ser que os chame pelo nome
e observe qual dos dois atende!...
De almas gêmeas,
quem entende?...

Qual será Rodrigo?
Qual será Rogério?...
Até hoje não sei, apesar de vê-los sempre, desde que nasceram!...

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.