Um canto

Euna Britto de Oliveira

Não entendo de Eletrônica,
Mas meu filho, sim.
Computo a palavra e pronto!
Ela me alcança
E às vezes me cansa.
Quando posso, fujo.
Quando a quero, apareço para ela!
Brincamos de esconde-esconde...

Fico vermelha como uma romã
Quando há má circulação!
Ou pálida...
Revezo estados.
Ainda não aprendi a ser normal.
O meu estado é de cidade,
Não de sítio.
É bom ser brasileira!

O que mais me bloqueia é a teia de aranha
Que arranha a superfície
Da ilimitada liberdade.
A teia feita de peias.
Viscosas peias
Das quais só as Mãos do Alto podem livrar!
Canto sozinha
O canto bem empregado
Que eu canto no meu canto
Para Deus, do meu lado.
Ó Jesus Menino,
Já viste algum sino?
É todo de bronze
É todo bonito!
Maria já viu tudo:
O sino, a sina e o mundo!
Maria, do meu lado, às onze...
Meia-noite chegando, o relógio mudo...
Maria vai-se embora e deixa José, de pé,
Do meu lado!
Ó Maria,
O canto que eu canto
E ninguém vai ouvir
É um canto para o Menino
Que vem me redimir!...

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.