Impermanência natural

Euna Britto de Oliveira

Inquieta, busco o ramo do alecrim cheiroso
Porque o mundo hoje não tem cheiro de nada.
Atolei meus pés na lama da porteira do curral
Mas isto já vai longe, faz tempo...

Os fazendeiros todos passam
As fazendas se repassam
Seus limites mudam...

A única coisa permanente
É a impermanência.

Fui à praia a pé.
Intensa sensação de vida,
Chuto a água como fazem os animais
Com suas patas, depois de
Caminharem na areia
Léguas e léguas...
Onda quebrada é água esbagaçada.
Morar no seco, ô vida!
Meu coração se abre como o mar Vermelho
Para deixar passar a Verdade!
Tento me despir
Mas um arrepio me reveste.
Caju, pitanga, cansanção, urtiga,
Flechas feitas em Porto Seguro;
A minha é mais simples, dos Machacalis.
A resistência tem limites
E até o ciumento tem sua paciência
Só até certo ponto!
Qual a princesa que não tem ou teve
Um vestido cor-de-rosa?...

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Belo Horizonte, 11 de abril de 2007

Dedico este poema à querida Carmen Dora,
pela permanência de nossa amizade virtual, tão real,
que desafia toda impermanência...



Ilustração:
Pintura - óleo sobre tela - de Carmen Dora - Santo André - SP

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.