Não perder de vista...

A mãe e sua cria.
A vida ainda procria o entusiasmo da criação!...
Com cuidado original, aperfeiçoado o gesto ancestral,
a mãe segura a criança envolta em manta branca bem bordada,
ponto por ponto...
Vejo-a num ponto de ônibus...

A gente só nota que ontem é passado se for diferente de hoje.
Rupturas.
Mudanças.
Saturações.
Suturas em corpos e corações,
encantados e desencantados,
desconsertados e consertados,
desencontrados e reencontrados, como o Menino Jesus no templo de Jerusalém...
Enfileirados... ( inseridos, enfiados no Presente).
Empurrados para o Futuro...

Ai, Pompéia!
Que morte horrível a de teus habitantes!...
Passado.
Vesúvio fingindo-se de morto para Nápoles...
Presente.
Futuro?...
Seguro ou inseguro.
Poderá ser leve ou duro.
Semeadura.
Depende do que se fez, do que se faz,
do que deixamos de fazer,
do que nos fizeram ou nos fazem, ou deixamos que nos façam...

Depende de cada um de nós,
de cada um dos nossos nós...
Dos perigos que chegam gratuitamente ou a que nos expomos,
mesmo bem informados,
como os habitantes das cidades construídas nos vales que seduzem pela fertilidade,
pela perigosa beleza e facilidades, nas fraldas dos vulcões...
Incautos, ingênuos e crédulos ou incrédulos,
por facilitarem, muitos pereceram...

Arquitetura passada, pisada, prensada por larvas candentes...
Tantas vezes visitada, a história e as fotos de Pompéia encantam um menino!
Em vez de castelos de areia, reconstrói ruínas de Pompéia na areia da praia de Nova Viçosa...
Por que esse interesse e esse gosto tão precoce por construção tão passada?...

Não sei se eu gostaria de visitar Pompéia,
lugar onde houve desespero e tanta gente engoliu chamas!...
Belas pinturas, restos de construções magníficas, é certo,
mas não sei o que eu sentiria...

Plínio, o jovem, descreveu o que pôde observar, estarrecido, a certa distância, naquele dia...
A erupção começou ao meio dia. Ano 79 d.C.
Seu tio Plínio estava em Pompéia e pereceu, mas seu corpo foi encontrado!
Naquele tempo já existia um jovem interessante, interessado em Pompéia, um jovem Plínio
para contar a história...
Preciso encontrar e ler o seu relato, na integra!

O futuro, a Deus pertence!...
Ele está sempre confiando em nós,
colocando-o em nossas mãos,
demonstrando o que é joio e o que é trigo,
desembarcando nossos erros,
desembaraçando nossos nós...
Acolhendo e colecionando nossos acertos!
Deus não nos perde de vista!
Essa, a nossa maior conquista!...

Tenho certeza de que todas as Mães lutam pelos filhos
no tempo que lhes é pedido,
mas, ao final, podem descansar em paz!
Nada do que fizeram de bom se perde!
Deus continua a sua obra...
Segura todo mundo nos braços,
como aquela mulher que vi carregando o filho, tão cuidadosamente,
num ponto de ônibus da Avenida Amazonas, em Belo Horizonte.
Isso não me deu pena.
Inspirou-me Confiança!
Daquele mesmo jeito, eu já carreguei cinco!...
Em mantas semelhantes, brancas, de fustão forrado de flanela, bordadas por mim mesma.
Meus filhos estão no mundo...
Deus os segura com outros braços!...
São filhos Dele também!
Isso me tranqüiliza...