Tintim por tintim

Euna Britto de Oliveira

Até feitiço se desmancha,
Quanto mais viagem!...
Há quem tenha o coração semelhante a um pão
Duro, de pedra, de ontem...
Pisar os mansos... Isto não é bom!

Enfeita-se a mesa com paninhos de renda,
Senta-se a Justiça, tira a sua venda
E pronuncia o “Veredictum”:
—“Hoje é dia de festa para alguns
E de choro para muitos.”
Sete de setembro,
Os soldados marcham,
Escolas desfilam na avenida,
Os aviões passam
Em esquadrilha
E exibem-se em acrobacias
Como pavões em altos vôos...

Eu queria ter a espada maior do mundo
Para furar a lua
E dela fazer jorrar mel,
Mel sobre a terra...
Até adoçar o último rio,
Até abrandar o último rei,
E tornar permanente
O sorriso de uma humanidade
Cansada de guerra,
De erro, de sombra, de dúvida...
O sol está brilhante
E o meu sangue, borbulhante!...
Moro de graça
Como de graça
Passeio de graça
Sobrevivo pela Graça!...

Mel demais enjoa...
Mal demais ferroa!
Ah, se cada um fosse contar
Tintim por tintim
Tudo o que sabe de si!...
Não sobraria tempo pra mim...

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"Felizes os mansos, porque possuirão a terra."
(Jesus)

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.