Mar Morto
Euna Britto de Oliveira
Ofereço este a Muriel Lúcia Gonzaga Miranda,
Com muita amizade, carinho e coleguismo, não só no trabalho, mas na vida!
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Sob as estrelas
Como chão empoeirado sob aspirador ligado
Elas me aspiram e me inspiram!...
A casa limpa é a de depois de uma meia hora de energia estelar
A casa que sou eu
As pessoas tanto recebem quanto produzem
Radiações semelhantes a si próprias...
O menino toma o espelho
E vê o céu de cabeça para baixo
O céu que outro dia mesmo eu via espalhado
Na mesa de vidro do Plenário do Tribunal
Onde Muriel e eu taquigrafávamos a fala dos Juízes
Na sessão de uma de suas Câmaras
Não lembro se Criminal ou Cívil ...
Deu-me vontade de pular dentro desse céu virtual
Para cair num abismo azul de nuvens fofo e fundo!...
Onde ninguém falasse de Agravo de Instrumento, erro grosseiro, erro crasso
Não citasse os nomes das cidades todas de Minas só por causa de seus crimes
(Eu gostava quando o nome da cidade era Unaí que até hoje não vi)
E não ditasse votos que me obrigassem "data venia" a subir pelas paredes
Para apanhar palavras além da velocidade normal
Porque na velocidade normal
Umas 100 palavras por minuto era relativamente tranqüilo...
Que os jardins satisfaçam aos gostos premiados
E produzam muitas flores!...
É só plantar e cuidar que elas nascem!
Quanto às palavras
É só escrever e guardar
Que elas renascem!...
Em talco sobre pedra
Escrevo esta palavra – Abissal
Taquigrafo um verso tirado de um arquivo vivo
E jogo-o no mar Morto no Oriente Médio
Um verso que me oriente
De Sal!
O Salvador do Mundo passou por esse mar
É em homenagem a Ele que venho salgar a poesia
Ou quem sabe até batizar?...
A Taquigrafia?
Para mim ficou lá atrás
Ainda existe
Mas comigo não mais insiste.
Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.