Alambrados

Euna Britto de Oliveira

O sol solene sol entrava
Soletrando o dia...

Não só em Governador Valadares
O sol está de parabéns – à sombra, 40 graus!...
Dentro de mim também
Cada vez que, a um bom desejo,
Os Anjos dizem Amém!

Alambrados de arame galvanizado
Separam os jogadores de torcedores
Para que o jogo aconteça
Com emoção e segurança.
No zoológico, é lógico,
Separam os visitantes das feras.
Gosto dessa palavra: "alambrado"!
Mas não gosto de "aloprado"...

E agora, o que faço?
Servir a dois senhores...
Nunca vi maior embaraço!...


Lá vem o espaço, e s p a ç a n d o a s p e s s o a s
Que se conheceram meninas...


Lá vem o tempo,
Preparando rugas, dobras finas
Para encolher o que está estendido!

Pode até ser
Que aquela seja uma ave rara
De extrema vagareza...
A natureza a preparou e a ampara!...

Nada impediu que nascessem
As crianças que deviam nascer!
Mesmo as que tiveram de nascer
Só para imediatamente morrer...


Debaixo do sol,
Um constrangimento
É ter entre os que não têm...
Outro, é não ter
Entre os que têm...

Ela quer uma bicicleta, a menina...
Uma bicicleta cor de laranja
Tamanho médio
Para andar na estrada fina
Igual à linha de sua sina...
Quer uma bicicleta no Natal...

Têm importância escondida
A serpente, a barata, as amígdalas...

Em estranho estanho derretido
Molda-se uma faca!
Antes que ela seja,
Quebra-se!
Se era um aviso,
A proteção está comprovada.
Nenhuma faca de ponta
Nenhum punhal
Poderão nos fazer mal!

Se tiver de ser no chão,
Primeiro, forra-o.
Depois, a essa hora que os relógios mudarão,
Chama!...
Sempre há fogo onde há fumaça,
Sempre há chama onde há paixão!...

Do lado de cá do tempo,
Vejo meus antigos escritos
Como se fosse através de alambrados...
Resgato de cadernos gastos
Momentos outra vez lembrados...

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.