KLM

No escuro da noite oceânica,
Primeiro, parecia uma nuvem,
Depois...
A asa do avião assemelha-se ao perfil de uma mão estendida em posição de bênção,
Imposição de mãos sobre o mundo...
A luz que avisto
Na ponta da asa direita
Parece uma pequena lua
Ou uma grande estrela!
Confunde-me.
O horizonte visual esbraseia-se
Numa labareda deitada.
Tudo em cores fortes – Vermelho e
Laranja, que se degradam em tons mais claros
Sobre o azul do céu da madrugada...

Sorvo um suco de laranja
Oferecido em embalagem descartável...
Minha filha me pede a janela.
Agora mesmo,
Manchas de luz no chão,
São as Ilhas Canárias...
Troco de lugar.
Com um rabo do olho, vou vendo o que me é dado observar
De asa e nuvem...

Ao primeiro raio de sol, um europeu irritado,
Sentado em cadeira do centro do avião,
Queixa-se da luz sobre sua face
E pede sombra ou escuridão.
Improvisamos uma cortina com o cobertor do avião
Para que a luz não incomode o homem,
E ainda vemos o sol nascendo,
Por mais uns instantes...
Até que o sol nasce de vez!
A Companhia Holandesa que nos transporta, KLM,
Tem aviões em azul e branco
E realeza em seu nome.

A viagem continua...
Eu conto a minha
E você conta a sua!...