Onde há fumaça há fogo

As árvores me interessam muito.
Amo árvores.
Olho as árvores do sítio...
Caiu a ficha – são minhas...
Sou dona de todas elas,
De tantas folhas verdes, marrons, amarelas?...
São meus tantos ninhos?...
Não! Acho que são dos passarinhos!

Os fazendeiros,
Os latifundiários
Possuem milhares de árvores,
Já que a terra lhes pertence,
Mas é o mesmo que não ter.
Não conhecem suas árvores,
Não sabem quantos ninhos de passarinhos abrigam...
Sabem só que são proprietários de uma extensa área verde.
Compacta.
Intensa!...
Densa!!!...
Pretensa riqueza
Que pode ser uma pobreza...
A posse é possessiva demais!
Possui o homem que a possui.
No mais, a fumaça das matas queimadas
É também a fumaça dos ninhos incendiados
E dos ovinhos fritos
De milhares de pássaros aflitos!...
Suas asas queimadas não podem ir muito longe,
Não podem ir mais a lugar nenhum!
Animais silvestres carbonizados...
Brincavam, corriam, saltavam
Caçavam...
Muitas fêmeas amamentavam...
Outras, ainda cruzavam...
De repente, um calor intenso,
As labaredas, o medo, o instinto de sobrevivência,
O desastre ecológico!

Essa fumaça polui o céu
E a consciência de muitos...
Essa fumaça pode ser longe ou perto de nós!
Estão queimando a Amazônia!...