Mucuri noturno
Euna Britto de Oliveira
Rio Mucuri à noite.
Vejo-o da janela do ônibus,
Imediações da antiga e pequena cidade de Mayrink,
A vizinha de muitas de minhas histórias...
Guarda segredos, esse rio daqui!...
Alguns segredos,
Só nós dois sabemos.
Bebemos juntos,
Eu, a água,
Ele, minha sede.
Lavou meu corpo de adolescente em maiô vermelho!
Água até a cintura, brincou com meu corpo
De moça apaixonada pelo mar que não chegava até lá,
Ficava a quilômetros...
A Estrada de Ferro Bahia e Minas,
De saudosa memória,
Em grande trecho paralela ao rio,
Seguia seu curso,
Braços dados com o rio...
Há apitos de trem perdidos no espaço
Que um provável aparelho do futuro poderia até captar...
À noite, o rio não dorme, nem mesmo dormita...
À noite, lúgubre, o rio geme
De saudade
E de dor dos afogados...
Durante o dia, o rio é dos pescadores e das populações ribeirinhas.
Pedras, pedras e mais pedras!...
E peixes!...
Lembranças e sentimentos aglutinam-se em meu peito.
Ilhas...
Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.