Bicho do mato

Euna Britto de Oliveira

Um leão dormiu comigo esta noite,
O leão da capa do meu atual caderno de poesia...
Selvagem, olhos amarelados,
Juba penteada pelo último vento que o alcançou
Antes da foto,
O leão me olha,
A mim, humana e mansa,
Sem garras,
Sem vontade de guerras...
Fito a sua vontade saciada de carne, de presa,
Porque leão é carnívoro,
Quando tem fome, tem pressa,
Sua fome é urgente,
E, nessa hora, come até gente!
Mas o meu, de papel, alimentado,
Está sossegado.

Nas arenas de Roma,
Leões devoraram cristãos.
Homens deram aos leões outros homens
Para serem atacados!
Que eu saiba,
Leões nunca deram aos homens outros leões,
Nem mesmo para serem domados...

A natureza do homem tem uma parte mais que selvagem,
Uma parte cruel, que se chama desumanidade.

Leões de circo são cercados de cuidados, domados...
Esses, os homens entregam à curiosidade do público
Para serem consumidos vivos, mas só pelos olhos...

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BH - 21/10/2006

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.