A MENDIGA

Lucas Durand

Trêmula, indecisa, suja, em vão suplica
As migalhas de favor, o resto ou sobra
De porta em porta em vão a mão estica
E se atiram algo, ao agradecer se dobra.

O filho chora, em frágeis e enrugados braços
Que o balança, e a mãe ao seio o ajusta
Tem ele como a mãe: destino e traços
Que entre babas e suor não mais soluça.

Mostra, os poucos e sujos dentes que ao sorrir
Olha para o filho: qual será seu futuro?
E para seu soluço, sempre um pão velho e duro.

E afaga o que lhe resta na vida ao peito
E com molambos a terna mãe o filho cobre
Como se ser pobre, também fosse um defeito...

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O Autor é colaborador efetivo do Site para Escritores:
www.recantodasletras.com.br

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Selecionada e editada pela CBJE, na 5a edição de Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos, Fev e Dez, 2004

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.