A Castro Alves

Euna Britto de Oliveira

Cabelos inteiros, jogados para trás,
Com a beleza juvenil que enfeita
Em qualquer século,
O rapaz só viveu 24 anos,
Mas deixou belíssimos versos!...
O nome dele? – Castro Alves.

Gosto de olhar suas fotos!
Se pudesse,
E se ele gostasse,
Eu lhe ofereceria uma moto.
Só para ver sua vasta cabeleira voar, desordenada,
Tangida pelo vento
Que nasce do movimento,
Durante passeios de moto,
Em loucas corridas
Pelo asfalto em dia!...

Esquecesse de morrer
E envelhecesse...
Mesmo assim, não nos encontraríamos.

Esqueça a moto que lhe desejo, Castro Alves.
Mas não se esqueça de me desejar Poesia!...
O mesmo que estar em sua querida companhia...

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Antônio Frederico de Castro Alves - (14/03/1847 - 06/07/1871)

Gentileza Academia Brasileira de Letras www.academia.org.br

Castro Alves (Antônio Frederico de C. A.), poeta, nasceu em Muritiba, BA, em 14 de março de 1847, e faleceu em Salvador, BA, em 6 de julho de 1871. É o patrono da Cadeira n. 7, por escolha do fundador Valentim Magalhães.

Era filho do médico Antônio José Alves, mais tarde professor na Faculdade de Medicina de Salvador, e de Clélia Brasília da Silva Castro, falecida quando o poeta tinha 12 anos. Por volta de 1853, ao mudar-se com a família para a Capital, estudou no Colégio de Abílio César Borges, futuro Barão de Macaúbas, onde foi colega de Rui Barbosa, demonstrando vocação apaixonada e precoce para a poesia. Mudou-se em 1862 para o Recife, onde concluiu os preparatórios e, depois de duas vezes reprovado, matriculou-se na Faculdade de Direito em 1864. Cursou o 1º ano em 1865, na mesma turma que Tobias Barreto. Logo integrado na vida literária acadêmica e admirado, graças aos seus versos, cuidou mais deles e dos amores que dos estudos. Em 1866, perdeu o pai e, pouco depois, iniciou a apaixonada ligação amorosa com Eugênia Câmara, que desempenhou importante papel em sua lírica e em sua vida.
Nessa época, Castro Alves entrou numa fase de grande inspiração e tomou consciência do seu papel de poeta social. Escreveu o drama Gonzaga e, em 1868, vai para o Sul em companhia da amada, matriculando-se no 3º ano da Faculdade de Direito de São Paulo, na mesma turma de Rui Barbosa. No fim do ano, o drama é representado com êxito enorme, mas o seu espírito se abate pela ruptura com Eugênia Câmara. Durante uma caçada, a descarga acidental de uma espingarda lhe feriu o pé esquerdo, que, sob ameaça de gangrena, foi afinal amputado no Rio, em meados de 1869. De volta à Bahia, passou grande parte do ano de 1870 em fazendas de parentes, à busca de melhoras para a saúde comprometida pela tuberculose. Em novembro, saiu seu primeiro livro, Espumas flutuantes, único que chegou a publicar em vida, recebido muito favoravelmente pelos leitores.
Daí por diante, apesar do declínio físico, produziu alguns dos seus mais belos versos, animado por um derradeiro amor, este platônico, pela cantora Agnese Murri. Faleceu em 1871, aos 24 anos, sem ter podido acabar a maior empresa que se propusera, o poema Os escravos, uma série de poesias em torno do tema da escravidão. Ainda em 1870, numa das fazendas em que repousava, havia completado A cascata de Paulo Afonso, que saiu em 1876 com o título A cachoeira de Paulo, e que é parte do empreendimento, como se vê pelo esclarecimento do poeta: "Continuação do poema Os escravos, sob título de Manuscritos de Stênio."
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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.